Cinema
"Posso estar doente, triste e enjoado, o cinema me acalma. Um tempo comigo, um outro ritmo, pouco a resolver. O cinema não me cobra decisões, não me cobra palavras. Ele respeita meu silêncio de ervas daninhas. Arboriza a barba com lã e quietude. Me protege da chuva e dos ruídos do estômago. O cinema me cura da tosse, da covardia de morrer, da incompreensão do trabalho. O cinema é um hotel. Ao definir a poltrona, estou escolhendo um quarto. Deixo o filme resolver o que estava desorganizado. O cinema segura o livro para mim. Não penso, pressiono o corpo no fundo da cadeira. O cinema tem o cheiro de mato, os cipós de centenas de sopros entrelaçados. Por um momento, sou amigo de todos que estão na sala. Respiramos juntos como uma orquestra. O violino abraça o violoncelo, a flauta avisa do perigo dos carros para o trombone. Os ouvidos vivem o suspense da caridade, a receber as moedas no chapéu." (Fabricio Carpinejar)
É um belo texto e concordo cegamente com ele. O Carpinejar tem um blog muito bom, inteligente e divertido, onde você encontra o texto acima e muito mais.
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