Dúvida...

Arko Datta, fotógrafo da Reuters, ganhou o prêmio World Press Photo 2005. A foto vencedora mostra uma mulher em uma praia chorando a morte de um familiar causada pelo Tsunami.

Segundo o presidente da comissão julgadora "...la fotografía galardonada es una auténtica imagen de actualidad, con un punto de vista fuerte del fotógrafo".

Não quero divagar demais sobre o assunto, mas é impossível não se perguntar se retratar uma tragédia pode virar prêmio. Se fosse uma denúncia, como pessoas mutiladas por bombas, os estragos das guerras, qualquer coisa que sirva de alerta para se tomar consciência da necessidade da paz e entendimento entre povos, eu aceitaria. Mas o Tsunami é um evento natural, apesar de terrível. Não foi provocado pela mente insana de um presidente qualquer ou disputa por dinheiro, território ou qualquer coisa que o valha.

Olhando a foto, eu discordo do ponto de vista da comissão julgadora. Não é uma "imagem da atualidade" pois o Tsunami não é um fato novo. Parece quase uma foto pensada, produzida e não algo espontâneo. As cores, o gestual da mulher, o corpo de alguém morto representado pela imagem de um braço... Eu sei que faz parte das qualidades de um bom fotógrafo saber extrair momentos precisos, detalhes que nos passam desapercebidos, a escolha do ângulo perfeito. Mas e quanto ao tema? Um prêmio pelo sofrimento alheio? Não entendo o valor de ser premiado desta maneira. O fotógrafo não é um ser invisível, alguém que simplesmente "não faz parte do cenário". Como alguém pode olhar para a foto e dizer "É uma bela imagem", referindo-se apenas a conceitos estéticos que compõem uma boa fotografia? Isola-se os personagens, suas histórias?

O fato é que fiquei chocada ao ver a fotografia. É tudo o que sei...

Aqui neste link podem ver a foto. Recuso-me a reproduzí-la em meu blog.