Tuesday, May 16, 2006

Canção da garoa

Canção da garoa

Em cima do telhado
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.
O relógio vai bater:
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.
E chove sem saber porquê
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

Nós tínhamos um livro da coleção "Para gostar de ler", com poemas da Cecília Meireles, Drummond e outros. Mas a minha preferida era "Canção da garoa", do Mário Quintana.
Eu inventei uma melodia para ela e cantava, cantava... (que fique claro que eu tinha uns 8 anos, caso contrário vou parecer meio louca). Eu imaginava o anjo molhado, com as penas das asas escorridas, e eu pensava "Por que ele não sai da chuva? E ainda por cima, tocando flautim...". Na verdade, eu considero o poema um pouco melancólico, até mesmo assustador (para uma criança de 8 anos...). Um retrato que fica olhando para a gente? As molas do relógio que "rangem sem fim"? E, ainda por cima, está chovendo... O cômico é o Pirulin lulin lulin, totalmente fora do contexto. Eu ainda lembro da melodia e, neste momento, estou cantando mentalmente, sem parar... como há 26 anos atrás.

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